A elastografia é a palpação virtual, ela nos fornece informações sobre a rigidez do tecido avaliado.
A junção de imagem ultrassonográfica, Doppler e elastografia (AVALIAÇÃO MULTIPARAMÉTRICA) foi um grande avanço para a medicina, conseguimos com um exame acessível, de baixo custo e sem contraindicações fornecer informações fundamentais para a prática clínica.
A elastografia ultrassonográfica é capaz de avaliar a rigidez de um órgão ou processo expansivo, o cálculo pode ser quantitativo, onde fornecemos um resultado em Kpa ou velocidade de propagação das ondas na área de interesse, podemos também comparar tecidos e fazer uma relação entre a área de interesse e o tecido normal adjacente.
O método é muito útil para avaliar o parênquima hepático e estimar o grau de fibrose, é útil também para avaliação de nódulos de mama e tireóide.
Sabemos que hoje a maior causa de transplante hepático dos Estados Unidos é a Doença Hepática Gordurosa não alcóolica (DHGNA), a fibrose hepática é silenciosa, muitos pacientes com grau avançado de fibrose (F4) são assintomáticos, e não há relação entre o grau de esteatose e o grau de fibrose, portanto, mesmo a esteatose grau I poderá ter avançado grau de fibrose hepática. A elastografia hepática pode separar do universo de pacientes com DHGNA aqueles que estão evoluindo para fibrose e necessitam de atenção redobrada para a perda de peso e mudança de estilo de vida.
O papel da ultrassonografia na DHGNA é graduar a esteatose, graduar a fibrose com a elastografia e buscar nódulos, independente da existência de fibrose, já que a DHGNA é fator de risco para Hepatocarcinoma.
A fibrose hepática gerada por Hepatite B, hepatite C e por Doença hepática alcoólica também pode ser avaliada e quantificada.
Imagem ecográfica e peça anatômica de um fígado acometido por doença hepática crônica avançada (cirrose).
A elastografia de nódulos de tireoide ajuda no raciocínio clínico e na decisão sobre realizar ou não uma PAAF, também ajuda em resultados inconclusivos ou indeterminados de PAAFs. Permite avaliar a rigidez de nódulos pequenos e profundos em um bócio multinodular, que não podem ser palpados com segurança, é usada como ferramenta complementar juntamente com o ultrassom e Doppler (AVALIAÇÃO MULTIPARAMÉTRICA).
A elastografia não deve substituir a avaliação US ao modo B, mas sim ser utilizada como uma ferramenta complementar para a avaliação de nódulos que serão submetidos a PAAF, principalmente devido ao seu alto valor preditivo negativo (apenas 3% de resultados falso-positivos).
Avaliação elastográfica de um nódulo de tireóide (CA papilífero):
A elastografia de nódulos mamários também avalia a rigidez, sabemos que nódulos malignos têm maior densidade celular, sendo, portanto, mais rígidos do que o tecido fibroglandular, o nódulo pode ser classificado como macio, intermediário ou rígido no exame elastográfico.
Elastografia de nódulo mamário:
Nódulos de mama e tireoide devem ser avaliados de forma global, levando em consideração a sua rigidez, características morfológicas e vascularização (AVALIAÇÃO MULTIPARAMÉTRICA), nem todo câncer é rígido e nem toda lesão rígida é câncer.
A avaliação da rigidez hepática também pode ser influenciada pela ingestão de bebida alcoólica (necessário abstinência de 1 semana) e por aumento das transaminases > 5x (flare up).
Com isso transformamos um exame ultrassonográfico que conceitualmente é o exame “básico inicial”, em uma avaliação de alta qualidade, com informações importantes que vão direcionar o seguimento e o raciocínio clínico do hepatologista, muitas vezes encurtando caminhos para o diagnóstico.